Projeto Criando Microcontos & Poesias
Projeto Criando Microcontos & Poesias
Gosto de criar projetos de leituras para incentivar meus alunos a enveredarem pelo mundo da literatura. Este ano, fui surpreendida com o livro "Escritos e Descritos", da jovem escritora Ester Hostert. Seus escritos revelam uma visão realista e, ao mesmo tempo, otimista da vida. Essa é a primeira parte do projeto, que fará parte de um livro, comentado por uma escritora de sucesso.
https://damianacarvalho007.wixsite.com/esterhostert
PROJETO DE AULA
CRIAÇÃO DE MINICONTOS / MICROCONTOS
·
Estratégias
e recursos da aula

Nos últimos anos este tipo de ficção ganhou muito espaço na literatura de diversos países. Nos Estados Unidos, antologias sucessivas foram lançadas com textos cada vez menores culminando na chamada microfiction, cuja antologia inaugural reúne textos de até 300 palavras. A literatura latino-americana, responsável pela difusão inicial do gênero, tem não apenas apresentado antologias como também estudos acadêmicos acerca do que eles chamam de “microrelato”. É de um hispano-americano, o guatemalteco Augusto Monterroso, o micro mais famoso:
Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá.
Dalton Exemplo do livro :Trevisan (Ah, É?, 1994) Ser breve e ser conciso são coisas diferentes. O miniconto precisa ser conciso, mais do que breve. Nesse sentido não deveríamos falar de um limite de número de letras, palavras ou páginas para o miniconto, e sim num limite conceitual. A história que ele conta precisa caber exatamente naquele pequeno tamanho, não mais, não menos. Não pode-se atrofiar uma narrativa, tampouco espichá-la. Por isso nem todos os temas e enfoques podem ser transformados em miniconto. Na verdade, raros o podem. Uma tosse às três da manhã pode ser a superfície de um miniconto; a insônia, não.
Exemplos do livro :
Outro exemplo de outro autor : Caiu da escada e foi para o andar de cima.
Adrienne Myrtes (Os cem menores..., 2004) Se a brevidade originada pela concisão diferencia o mini do conto tradicional, é a narratividade que primeiro diferencia o miniconto do haicai ou do poema em prosa (que não necessariamente são narrativos, ainda que possam sê-lo). Ser narrativo significa, por óbvio, narrar algo, contar a passagem de uma personagem de um estado a outro, implicitamente (como no mini do Trevisan) ou explicitamente (como neste exemplo da Adrienne). Sem essa narratividade, corre-se sempre o risco de fazer uma simples descrição de cena em vez de um miniconto.
Efeito
Leonardo Brasiliense (Adeus conto de fadas, 2006) O grande mestre do conto moderno, Edgar Allan Poe, talvez tenha sido quem primeiro colocou o efeito pretendido no topo dos objetivos do escritor. Ainda hoje é considerado um bom conto aquele que consegue provocar algo no leitor, seja medo, compaixão ou reflexão. Quando temos uma simples descrição, não chega a ocorrer no leitor este efeito, por menor que seja, enquanto em uma narrativa como a do Leonardo Brasiliense o leitor não tem como não pensar na sua adolescência ou na sua atitude com os próprios filhos.
Abertura
Um vida inteira pela frente. O tiro veio por trás.
Cíntia Moscovich (Os cem menores..., 2004) Como pode um texto tão pequeno provocar efeito em quem lê? A resposta está no próprio agente da questão: o leitor. À Cíntia coube contar a história de uma pessoa que morreu assassinada numa representação contundente da banalização da vida. Mas se a vítima é um homem, uma mulher, gorda, magra, nova, velha, se mora na cidade, no campo, noutro país, se era bandido ou mocinho, amante ou amado, casto ou tarado, nada disso está dito, cabe ao leitor preencher as lacunas a partir de seus conceitos e experiências. Muito possivelmente um leitor urbano como nós verá aí uma ironia com a insegurança que ceifa a vida de tantos jovens. Mas talvez um trabalhador suburbano veja a covardia de quem mata pelas costas, e não o futuro perdido por quem morre. Essa abertura é uma das riquezas do conto potencializada no miniconto.
Exatidão
"AVENTURA" | Nasceu.
Luís Dill (Contos de Bolso, 2005)
PROJETO DE AULA
CRIAÇÃO DE MINICONTOS / MICROCONTOS
TOMANDO POR BASE A UTILIZAÇÃO DO LIVRO“ESCRITOS E DESCRITOS”DE ester
jessica hostert
Dados
da Aula
O que o aluno poderá aprender com
esta aula
·
Definir
minicontos / microcontos.
·
Identificar
minicontos / microcontos.
·
Interpretar
minicontos / microcontos.
·
Produzir
minicontos / microcontos.
Duração
das atividades
Cerca de 150 minutos.
Conhecimentos
prévios trabalhados pelo professor com o aluno
·
Narração.
·
Elementos
da narrativa.
·
Partes
da narrativa.
·
Estratégias
e recursos:
·
pesquisa
na internet;
·
discussões
orais e coletivas;
·
produção
e interpretação de texto;
·
computador,
projetor e internet.
Módulo
1
Atividade
1
O objetivo é apresentar minicontos aos alunos e definir esse
texto coletivamente. Isso será feito pelo professor tirando exemplos do livro
“Escritos e Descritos”. Esse livro deverá ser indicado pelo professor para a
leitura em casa com uma semana de antecedência ou então criar uma roda de
leitura em sala com ele.
O professor projetará alguns minicontos com o objetivo de
mostrar aos alunos o que seria esse tipo de texto. Poderá usar projeção
de slides criados no Powerpoint com os minicontos e microcontos presentes no livro.
Sugestões
de sítios para os alunos consultarem e servirem de complemento e reforço para o
aprendizado:
http://www.minicontos.com.br/minicontos Acesso em 23 de março 2019.
http://www.leonardobrasiliense.com.br/?apid=0&tipo=2 Acesso
em 23 de março 2019.
http://autoressaconcursosliterarios.blogspot.com.br/2013/05/os-20-minicontos-classificados.html Acesso
23 de março 2019.
https://twitter.com/minicontos Acesso
em 23 de março 2019.
Depois,
provocará uma discussão cujo resultado culminará na escrita de um texto
coletivo com a definição de miniconto.
Sugestão
de sítio com proposta de definição para subsidiar a discussão:
1) Exemplos contidos no site da Profª
Damiana Carvalho construído especialmente para abriga-los extraído do livro da
Profª Ester Jéssica Hostert.

2) Definição de
Miniconto a ser utilizada pela Profª Daminana, coordenadora do projeto junto
com exemplos do livro da Profª Ester.
Miniconto é um tipo de conto
muito pequeno, digamos que com no máximo uma página, ou um parágrafo. Alguns
dizem que ele é o primo mais novo do poema em prosa, outros apontam as fábulas
chinesas como origem, de certo é que desde meados do século XX o conto tem experimentado
– com sucesso – formas extremamente breves a partir de textos de gente como
Cortázar, Borges, Kafka, Arreola, Monterroso e Trevisan.
Nos últimos anos este tipo de ficção ganhou muito espaço na literatura de diversos países. Nos Estados Unidos, antologias sucessivas foram lançadas com textos cada vez menores culminando na chamada microfiction, cuja antologia inaugural reúne textos de até 300 palavras. A literatura latino-americana, responsável pela difusão inicial do gênero, tem não apenas apresentado antologias como também estudos acadêmicos acerca do que eles chamam de “microrelato”. É de um hispano-americano, o guatemalteco Augusto Monterroso, o micro mais famoso:
Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá.
No Brasil, há uma grande quantidade
de autores publicando livros com ou exclusivamente de minicontos. Alguns
valores importantes para o miniconto são :
concisão, narratividade, efeito, abertura e exatidão.
Concisão
Exemplo do livro : Felicidade é um croissant de chocolate.
Outro exemplo de
outro autor: A velha insônia
tossiu três da manhã.
Dalton Exemplo do livro :Trevisan (Ah, É?, 1994) Ser breve e ser conciso são coisas diferentes. O miniconto precisa ser conciso, mais do que breve. Nesse sentido não deveríamos falar de um limite de número de letras, palavras ou páginas para o miniconto, e sim num limite conceitual. A história que ele conta precisa caber exatamente naquele pequeno tamanho, não mais, não menos. Não pode-se atrofiar uma narrativa, tampouco espichá-la. Por isso nem todos os temas e enfoques podem ser transformados em miniconto. Na verdade, raros o podem. Uma tosse às três da manhã pode ser a superfície de um miniconto; a insônia, não.
Narratividade
Exemplos do livro :
Lá um dia já foi aqui. Aqui um dia será lá.
Sentada em um banco da rua XV. Escutando a música “Let Her Go”.
Seu e tenho medo o medo não me tem. Se eu tenho coragem posso ponderar
meu equilíbrio. Assim eu vivo.
Outro exemplo de outro autor : Caiu da escada e foi para o andar de cima.
Adrienne Myrtes (Os cem menores..., 2004) Se a brevidade originada pela concisão diferencia o mini do conto tradicional, é a narratividade que primeiro diferencia o miniconto do haicai ou do poema em prosa (que não necessariamente são narrativos, ainda que possam sê-lo). Ser narrativo significa, por óbvio, narrar algo, contar a passagem de uma personagem de um estado a outro, implicitamente (como no mini do Trevisan) ou explicitamente (como neste exemplo da Adrienne). Sem essa narratividade, corre-se sempre o risco de fazer uma simples descrição de cena em vez de um miniconto.
Efeito
Exemplos do livro :
Hotel Geranium : letreiro vermelho, lu que acende à noite e me lembra da
antiga Nova Iorque.
Outro exemplo de outro autor :
"TV NO QUARTO" | E os pais na sala, assistindo a um
documentário sobre os dramas da adolescência.
Leonardo Brasiliense (Adeus conto de fadas, 2006) O grande mestre do conto moderno, Edgar Allan Poe, talvez tenha sido quem primeiro colocou o efeito pretendido no topo dos objetivos do escritor. Ainda hoje é considerado um bom conto aquele que consegue provocar algo no leitor, seja medo, compaixão ou reflexão. Quando temos uma simples descrição, não chega a ocorrer no leitor este efeito, por menor que seja, enquanto em uma narrativa como a do Leonardo Brasiliense o leitor não tem como não pensar na sua adolescência ou na sua atitude com os próprios filhos.
Abertura
Um vida inteira pela frente. O tiro veio por trás.
Cíntia Moscovich (Os cem menores..., 2004) Como pode um texto tão pequeno provocar efeito em quem lê? A resposta está no próprio agente da questão: o leitor. À Cíntia coube contar a história de uma pessoa que morreu assassinada numa representação contundente da banalização da vida. Mas se a vítima é um homem, uma mulher, gorda, magra, nova, velha, se mora na cidade, no campo, noutro país, se era bandido ou mocinho, amante ou amado, casto ou tarado, nada disso está dito, cabe ao leitor preencher as lacunas a partir de seus conceitos e experiências. Muito possivelmente um leitor urbano como nós verá aí uma ironia com a insegurança que ceifa a vida de tantos jovens. Mas talvez um trabalhador suburbano veja a covardia de quem mata pelas costas, e não o futuro perdido por quem morre. Essa abertura é uma das riquezas do conto potencializada no miniconto.
Exatidão
"AVENTURA" | Nasceu.
Luís Dill (Contos de Bolso, 2005)
Tudo bem que a abertura do texto
para o leitor seja aspecto fundamental do miniconto, mas é importante que o autor
seja suficientemente claro para criar o efeito desejado no leitor, e não seu
oposto, sob o risco de não ser compreendido. Para tanto a escolha de cada
palavra em cada posição é fundamental, quase como em um poema, pois disso
depende o sucesso ou não da narrativa. Se Cíntia Moscovich escrevesse “Teria
sido um ótimo escritor, mas o tiro veio por trás” o texto perderia seu recurso
estético causado pela oposição frente/trás, vida/morte, comprometendo até o
efeito semântico. Mesma coisa, e mais ainda, no texto “Aventura”, do Dill. Não
sei se existem outras duas palavras que se casem tão bem para formar uma
narrativa instigante, aberta e ao mesmo tempo repleta de significados como
esta. São apenas duas palavras, quinze caracteres tão bem dispostos que é difícil
não sentirmos seu efeito. E percebermos ali o cerne do conto e da literatura.
Atividade
2
O objetivo é confrontar vários textos do mesmo gênero a fim
de reforçar suas características estilísticas, composicionais e estruturais.
Em duplas, os
alunos escolherão 3 minicontos para apresentar à sala, discorrendo sobre sua
interpretação.
Professor, esse é o momento de os alunos depararem-se com vários
textos do mesmo gênero, o que facilitará a identificação das características e
funções descritas na atividade anterior.
Atividade
3
O objetivo é
interpretar coletivamente dois minicontos.
No Senado, muitos escândalos e sujeiras faziam barulho. Mas
no país ninguém ouvia, era quarta-feira e o Galvão gritava gol muito alto. RS
via web
a) Qual o sentido atribuído à palavra “barulho” no
miniconto?
b) A qual país o produtor do texto se refere ao dizer “no
país ninguém ouvia”? Como você chegou a essa resposta? Explique por meio de
pistas linguísticas contidas no próprio texto e de seu conhecimento de
mundo.
c) Existe no miniconto uma ironia, ou seja, o produtor do
texto escreve algo objetivando, na verdade, dizer o contrário do que escreveu.
Pergunta: qual a ironia no texto? Explique.
d) É possível afirmar que há uma crítica no miniconto? Se
sim, o que ou quem é criticado e por quê?
e) Como esses sentidos estão colocados no miniconto?
f) Quais os efeitos provocados pelo miniconto no leitor?
Atividade
4
Depois de muitos anos e várias tentativas, ele chegou, chorando forte. A
cunhada foi a única com coragem para trazê-lo.
a) Recrie a
história do miniconto em uma narrativa tradicional.
b) O que
indica humor nesse texto? Por quê?
c) A última palavra
do miniconto, "trazê-lo", pode ter diferentes interpretações. Quais
seriam?
d) Por que a
cunhada e não a mãe?
e)
"Coragem" pressupõe alguns sentidos nesse contexto. Quais seriam?
Justifique-os!
f) Quais os
efeitos provocados pelo miniconto no leitor?
Atividade
5
O objetivo é produzir minicontos.
Os alunos, após conhecimento
do gênero, deverão criar pelo menos um miniconto que deverá compor um painel
virtual no sítio da escola. Antes da mostra, cada aluno deverá propor interpretação
aos minicontos dos colegas em uma roda de conversa.
Recursos
Complementares
Para leitura do professor:
http://www.parabolaeditorial.com.br/downloads/4MINICONTOSMODAIS.pdf Acesso em
20 out. 2014.
http://www.artistasgauchos.com.br/marcelospalding/arquivos/dissertacao.pdf Acesso em
20 out. 2014.
Avaliação
Nessa proposta, as atividades primam a compreensão do gênero
miniconto como um texto de concisão, narratividade e efeito.
